"Uma nova revolução não é necessária. Hoje os Gaúchos se declaram brasileiros e participam da vida política brasileira; com a interrupção desses "direitos" é rompida um elemento fundamental para a existência legítima de qualquer Estado nacional."
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A República

Guilherme Litran, Carga de Cavalaria Farroupilha, acervo do Museu Júlio de Castilhos.


A Revolução Farroupilha, também chamada de Guerra dos Farrapos, deflagrou-se no Rio Grande do Sul e foi a mais longa revolta brasileira da qual se tem conhecimento – ela durou dez anos (1835 - 1845). As dificuldades econômicas que as camadas dominantes da época passaram a enfrentar estão entre as principais causas da Revolução. A economia do Rio Grande do Sul era focada na criação de gado e a sobrevivência deste povo baseava-se na cultura do charque, mais conhecido como carne seca fora do Sul.

O comércio do charque era realizado com as várias comarcas brasileiras – São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e região nordeste -, pois era fonte de alimentação dos escravos.

Durante o governo imperial, os produtores gaúchos, donos das fazendas de gado, revoltaram-se contra o governo, condescendente com a concorrência desleal que passaram a sofrer quando da entrada de carne seca do Uruguai e da Argentina – ela entrava no país pagando taxas bem menores e, consequentemente, podia vender seu produto a preços bem mais acessíveis para as províncias acima citadas. Assim, a economia gaúcha começou a entrar em declínio.

Os poderosos estancieiros passaram a acreditar que o governo imperial fosse encontrar um meio de resguardar a pecuária do Rio Grande do Sul, encarecendo as taxas de importação da carne seca argentina e uruguaia quando da entrada no Brasil.

Essa mesma fina flor de grandes estancieiros também batalhava junto ao governo imperial por uma maior liberdade administrativa para o Rio Grande do Sul.

No ano de 1834, o governo instituiu novos impostos para a comarca gaúcha, o que acabou provocando o início da rebelião que culminou, em 1836, na proclamação da República Rio-Grandense, com capital na cidade de Piratini.

A presidência da nova República ficou a cargo de Bento Gonçalves. Esperavam os revolucionários que seu exemplo fosse seguido pelas outras províncias, provocando assim a queda do regime imperial, o que infelizmente não ocorreu.

O Uruguai, através de tratado de cooperação mútua, reconheceu a legitimidade desta república. Outros reconhecimentos como os dos Estados Unidos da América, França e Inglaterra, que o haviam feito na desanexação da República Oriental do Uruguai não se formalizaram oficialmente. As Províncias Unidas do Rio da Prata, à época estavam sendo unificadas pelo ditador Rosas e tentavam recuperar o território uruguaio (Guerra Grande), não afastando também a possibilidade de auxílio aos separatistas rio-grandenses.

A "paz" nesta região só teve início em 1842, quando Luís Alves de Lima e Silva, o Barão de Caxias, tornou-se presidente do Rio Grande do Sul e tomou a iniciativa de estabelecer uma concórdia com os estancieiros. A "paz" foi assinada em 1845, com a libertação dos escravos que participaram das batalhas, bem como a transferência das terras apreendidas para os fazendeiros locais.

Para nós gaúchos separatistas, dia 11 de setembro é uma data importante, comemora-se a Proclamação da República Rio-Grandense. Após um ano de ''revolução'', os Farroupilhas entusiasmados pela vitória da Batalha do Seival contra os brasileiros do Império Carioca de Pedro II, resolvem proclamar a independência do Rio Grande, como a única solução cabível.

Ocorrida no memorável 11 de setembro de 1836, Antônio Fonseca de Souza Neto descende de basco o General Neto, como era conhecido tinha alta estatura e cavalgava muito bem. A palavra Neto, que ele assimilou junto a seu nome, foi um apelido dado pelo seu avô. Na época da proclamação Neto tinha 35 anos de idade. Para a nova capital foi escolhida a cidade Piratini, recebendo ela o titulo de "mui leal e patriótica".

A bandeira Rio Grandense foi criada pelo decreto de 12 de novembro de 1836, era quadrada. Foi criado também por decreto o Tope Nacional, com as mesmas três cores.

No dia 6 de novembro de 1836, data da posse do primeiro presidente da República Rio-Grandense, após solenidade, houve uma missa na igreja de Piratini. Já neste dia, portanto 6 dias antes de assinar o decreto, a gloriosa bandeira Republicana foi desfraldada pela primeira vez nos braços de Joaquim Teixeira Nunes, que mais tarde seria um dos comandantes dos Lanceiros Negros. Criou-se logo a seguir os ministérios, câmara, o exército regular, escolas públicas, etc. Santa Maria ganhou sua primeira escola pública. Parece que Santa Maria já estava predestinada a ser um grande centro educacional. Então, aquela afirmação feita seguidamente por socialistas canhotos e comunistas de que a "Revolução Farroupilha" era um movimento de fazendeiros e latifundiários descontentes que não queriam pagar impostos ao Império é falsa.

O brasão da República foi desenhado pela Maçonaria que, naquela época, apoiava o movimento separatista do Rio Grande. Segundo eles, tais símbolos e alegorias tinham um significado. Durante a Revolução Federalista com a propaganda da republicana da época, fizeram eles modificações no brasão e o colocaram na bandeira atual, também chamada de falsa bandeira, pelos separatistas. O Hino Nacional Rio-Grandense foi feito mais tarde, após a batalha de Barro Vermelho, em Rio Pardo.

Após a proclamação, a luta passou a ser separatista, que durou quase 10 anos. O MTG (Movimento Tradicionalista Gaúcho) adotou o dia 20 de setembro como festa máxima do Rio Grande. Para nós separatistas a data mais importante é dia 11 de setembro. Os tradicionalistas (que não são separatistas, em sua maioria) adotaram o dia 20, pois neste dia não aconteceu nada de importante, e isto os coloca "em cima do muro". É o dia do gaúcho e do folclore da terra.

Por DARCI M. BRONDANI, representante do Movimento O Sul é o Meu País em Santa Maria-RS

Eis o texto lido pelo General Antônio de Sousa Neto frente a suas fileiras:

"Bravos companheiros da 1ª Brigada de Cavalaria!

Ontem obtivestes o mais completo triunfo sobre os escravos da Corte do Rio de Janeiro, a qual, invejosa das vantagens locais de nossa província, faz derramar sem piedade o sangue de nossos compatriotas, para deste modo fazê-la presa de suas vistas ambiciosas. Miseráveis! Todas as vezes que seus vis satélites se têm apresentado diante das forças livres, têm sucumbido, sem que este fatal desengano os faça desistir de seus planos infernais.

São sem número as injustiças feitas pelo Governo. Seu despotismo é o mais atroz. E sofreremos calados tanta infâmia? Não, nossos companheiros, os rio-grandenses, estão dispostos, como nós, a não sofrer por mais tempo a prepotência de um governo tirânico, arbitrário e cruel, como o atual. Em todos os ângulos da província não soa outro eco que o de independência, república, liberdade ou morte. Este eco, majestoso, que tão constantemente repetis, como uma parte deste solo de homens livres, me faz declarar que proclamemos a nossa independência provincial, para o que nos dão bastante direito nossos trabalhos pela liberdade, e o triunfo que ontem obtivemos, sobre esses miseráveis escravos do poder absoluto.

Camaradas! Nós que compomos a 1ª Brigada do Exército Liberal, devemos ser os primeiros a proclamar, como proclamamos, a independência desta província, a qual fica desligada das demais do Império, e forma um estado livre e independente, com o título de República Rio-grandense, e cujo manifesto às nações civilizadas se fará competentemente. Camaradas! Gritemos pela primeira vez: viva a República Rio-grandense! Viva a independência! Viva o exército republicano rio-grandense!"

Campo dos Menezes, 11 de setembro de 1836 – Antônio de Sousa Neto, coronel-comandante da 1ª brigada.

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